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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Casal de cegos sofre para acolher ninhada de cães

Publicada Originalmente no Jornal de Londrina, dia 08 de dezembro de 2010

Casal de cegos sofre para acolher ninhada de cães

Deficientes visuais procuram interessados em adotar uma cadela e oito filhotes. É o caso extremo de um problema da cidade
08/12/2010 | 00:00Paulo Briguet

Há um mês, no dia 7 de novembro, uma cachorra sem dono resolveu acomodar-se no quintal da casa dos aposentados João Francisco Costa e Marilene Costa Silva, na Rua Fioravante Tamarozzi, Conjunto João Paz, zona norte. Naquela mesma noite, a fêmea pariu uma ninhada de oito filhotes. Os donos da casa não perceberam a cadela entrar na casa, nem viram os cachorrinhos. João e Marilene são cegos.
São cegos, mas tiveram olhos para o drama dos cães. “Primeiro eu coloquei um plástico e uma caixa para acomodar a mãe e os filhotes, mas veio a chuva e eles ficaram molhados”, conta João. “Aí eu tive pena. Quem não teria? Levei os bichos para dentro de casa.”

Agora os oito cachorrinhos já cresceram um pouco, estão mais ativos, fortes – e famintos. Os vizinhos ajudam o casal de aposentados com doações de ração e leite. “Eles já estão comendo”, relata João. “A gente dá comida na boquinha deles, mas é difícil. Nós não enxergamos. Como é que vamos cuidar de nove cachorros? Ouve só: eles estão chorando. É fome.”
Não é difícil imaginar o caos em que se tornou a residência de João e Marilene neste mês. Os deficientes visuais simplesmente não conseguem manter a limpeza dos cômodos. “Eu faço isso por dó, mas não tenho condição de ficar com eles. Só Deus sabe o que estamos passando aqui...”

A história de João e Marilene – e dos nove cachorros – é apenas um caso extremo de um drama que a cidade vive há muito tempo: o abandono de animais. Não fosse a bondade do casal de cegos, os cachorrinhos de mais essa ninhada estariam vagando pela cidade, esfomeados e expostos a todo tipo de doenças, acidentes e maus-tratos. É o que acontece na maioria das vezes. Quase ninguém tem olhos para o problema.
A situação é especialmente crítica nos meses de novembro e dezembro. “O período de cio das cadelas costuma ser sincronizado em agosto e setembro”, diz o presidente do SOS Vida Animal, Milton Pavan. “As ninhadas de cães abandonados começam a nascer justamente no final do ano.”

Todos os dias, Pavan recebe de dez a quinze telefonemas com pedidos de resgate ou denúncias de maus-tratos envolvendo cães e gatos abandonados. “As pessoas ligam para o SOS como se tivéssemos estrutura para hospedar todos esses animais”, diz Pavan. Muitas vezes, a pessoa que liga para a entidade nem sequer oferece um pouco de água ou comida ao animal abandonado. “A maioria quer apenas se livrar do problema”, lamenta Pavan.
Na verdade, o SOS Vida Animal é uma organização voluntária cujo principal objetivo é promover a posse responsável de cães e gatos. Enquanto não vem o sonhado Centro de Zoonoses – antiga promessa dos políticos –, o que o SOS pode fazer é incentivar a adoção dos animais. Quem quiser pode começar pelos cãezinhos que hoje estão na casa de João. O fone dele é 3356-1819. Para ajudar o SOS Vida Animal, vá ao site www.sosvidaanimal.org.br.

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É interessante um jornal de grande circulação ter uma matéria sobre o problema do abandono de animais na cidade de Londrina, entretanto, muito ainda precisa ser feito para conscientizar os donos que a castração é a melhor solução para a melhoria da vida do bichinho!
A matéria tratou somente dos cães abandonados nas estatísticas... estatística de gatos é maior ainda e muitos morrem por aí atropelados, doentes ou sofrem de maus tratos.

POSSE RESPONSÁVEL, JÁ!

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